Suspeito de agenciar venda de bebê por R$ 500 no AM se entrega à polícia; VÍDEO
15/07/2025
(Foto: Reprodução) Suspeito de agenciar venda de bebê por R$ 500 no AM se entrega à polícia
O empresário José Urbelan Pinheiro de Magalhães, de 47 anos, conhecido como "Sabão", que é suspeito de agenciar a venda de um recém-nascido por R$ 500, no Amazonas, se entregou à polícia, nesta terça-feira (15). As investigações apontam que o homem teria recebido o pagamento e repassado o valor à mãe da criança, que disse estar endividada com um agiota.
Luiz Armando dos Santos, de 40 anos, e Wesley Fabiano Lourenço, de 38 anos, foram presos ao tentarem sair com o bebê da maternidade de Manacapuru, na sexta-feira (11). Segundo a polícia, José Urbelan, que é dono de uma lanchonete na cidade, também foi preso no mesmo dia. Apesar do flagrante, os três foram liberados no domingo (13).
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Nesta terça-feira (15), a Justiça acatou o pedido do Ministério Público, que havia recorrido da decisão de soltura. O recurso foi apresentado no mesmo dia, e, após análise, o Judiciário reverteu a liberação dos três suspeitos.
Após a nova decisão, José Urbelan, acompanhado de seu advogado, se apresentou no Distrito Integrado de Polícia de Manacapuru.
Até a publicação desta reportagem, não havia informações sobre o cumprimento de mandados de prisão preventiva contra o casal paulista suspeito de tentar comprar o recém-nascido.
A liberação dos envolvidos gerou repercussão. O promotor de Justiça Jerson de Castro Coelho, que participou da audiência de custódia, já havia manifestado preocupação com a liberação dos suspeitos.
"Entendo que é necessário que a polícia aprofunde as investigações para verificar se estamos diante de uma quadrilha organizada, possivelmente interestadual, que atua indicando crianças para moradores do Sul do país, com o objetivo de 'negociação'", afirmou em entrevista à Rede Amazônica.
A revogação da prisão do trio está sendo acompanhada pela Corregedoria-Geral de Justiça, após o presidente do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), desembargador Jomar Fernandes, encaminhar um ofício solicitando o monitoramento do caso.
🔎 O que se sabe e o que falta esclarecer sobre o casal paulista que tentou comprar bebê por R$ 500 no Amazonas
Empresário José Urbelan Pinheiro de Magalhãe que é suspeito de agenciar a venda de um recém-nascido por R$ 500, no AM
Reprodução/Rede Amazônica
O caso
O caso foi descoberto após a equipe da Delegacia Especializada de Polícia (DEP) de Manacapuru receber uma denúncia anônima, por meio de um aplicativo de mensagens. A denúncia incluía a imagem de um veículo circulando pela cidade com dois homens e informava que eles estariam negociando a compra de um bebê recém-nascido na maternidade pública do município.
"Com base nessa informação, determinei que a equipe fizesse os levantamentos necessários e acionamos o Conselho Tutelar para acompanhar. Na maternidade, havia quatro mães que tinham dado à luz naquele dia. Após conversarmos com os enfermeiros, identificamos a mãe do bebê, de 31 anos", explicou a delegada Joyce Coelho.
Durante as apurações, foi constatado que ela decidiu entregar o bebê para quitar uma dívida com um agiota.
Investigações
Casal paulista preso por tentar comprar bebê no Amazonas
Reprodução/Redes Sociais
Ainda conforme as investigações, o casal suspeito de comprar o bebê estava em Manacapuru desde junho, acompanhando a gestação, com a intenção de levar a criança para São Paulo.
"Com base em tudo isso, confirmamos que existe um esquema de adoção ilegal, envolvendo pagamentos em dinheiro. Por isso, realizamos o flagrante e apreendemos os celulares dos três presos. A quebra de sigilo será solicitada para identificar todos os envolvidos e responsabilizá-los conforme a lei", afirmou Joyce Coelho.
A delegada também informou que há indícios de que o casal tenha levado outra criança em uma ocasião anterior, embora isso ainda não tenha sido confirmado. Além disso, eles tiveram um processo de adoção arquivado por não apresentarem a documentação correta e por tentarem fraudá-lo.
Joyce reforçou que a mãe do bebê deve ser indiciada ao longo da investigação. "Haverá mais indiciados, como a mãe da criança, a esposa do intermediador e outra pessoa, caso seja identificada e comprovada a participação dela nessa rede de adoção ilegal”, concluiu.
O trio responderá pelos crimes de tráfico de pessoas com a finalidade de adoção ilegal.
Esquema de adoção ilegal
A investigação aponta a existência de um esquema de adoções ilegais envolvendo moradores de Manacapuru e contatos em São Paulo. Segundo a Polícia Civil, uma mulher ainda não identificada, natural de Manacapuru e residente em São Paulo, seria responsável por atrair interessados na adoção clandestina de crianças.
De acordo com depoimento do intermediador José Urbelan Pinheiro de Magalhães foi essa mulher quem apresentou o casal paulista à mãe do bebê. A polícia apurou que a mãe decidiu entregar o recém-nascido para quitar uma dívida com um agiota.
Ainda segundo a investigação, além dos R$ 500 inicialmente informados, a mãe pode ter recebido outros valores, conforme indicam transferências via PIX feitas nos últimos meses.
O casal estava hospedado em um hotel em Manacapuru desde junho, acompanhando a gestação. Um dos homens assistiu ao parto e se apresentou como pai da criança, chegando a receber a Declaração de Nascido Vivo (DNV), documento necessário para o registro civil.
"Com esse documento, ele poderia perfeitamente ter ido ao cartório, registrado a criança como se fosse filho biológico e saído do estado", explicou a delegada.
Em nota, a Prefeitura de Manacapuru informou que o Hospital Geral e a Maternidade Cecília Cabral estão colaborando integralmente com a Polícia Civil e o Conselho Tutelar nas investigações.
Criança foi acolhida
Após receber alta médica no domingo (13), o bebê foi acolhido por uma instituição de proteção à infância e está sob os cuidados do Conselho Tutelar.
"A genitora não tem condições de permanecer com a criança. Ela já havia negociado a entrega para quitar uma dívida. Por isso, o acolhimento foi imediato", afirmou a delegada.
Wesley Fabian Lourenço ao lado de recém-nascido que teria tentado comprar por R$500 no Amazonas.
Reprodução/Redes Sociais
Polícia investiga possível esquema de tráfico de crianças após negociação de bebê no AM