Patrões de doméstica resgatada em situação análoga a escravidão terão que pagar indenização à vítima

  • 09/06/2025
(Foto: Reprodução)
Mulher, que não teve a identidade divulgada, foi aliciada aos 12 anos sob promessa de estudar e passou mais de duas décadas trabalhando sem salário fixo, em condições degradantes. Doméstica que vivia em situação de trabalho escravo é resgatada após 22 anos em Manaus Os patrões da trabalhadora doméstica, de 34 anos, resgatada de uma situação análoga a trabalho escravo em Manaus, terão que pagar uma indenização pelos danos causados à vítima ao longo de mais de 20 anos, informou o Ministério Público do Trabalho. O valor da indenização não foi divulgado. O resgate da trabalhadora ocorreu na última quinta-feira (6), no bairro Ponta Negra, Zona Oeste da cidade. A vítima vivia nessas condições desde os 12 anos de idade — ou seja, por mais de duas décadas — sob a justificativa de que “fazia parte da família” que a explorava. 📲 Participe do canal do g1 AM no WhatsApp O ciclo de abusos chegou ao fim com o resgate durante ação conjunta do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), do Ministério Público do Trabalho (MPT), da Polícia Federal (PF) e da Defensoria Pública da União (DPU). Os empregadores firmaram termo de ajuste de conduta no Ministério Público do Trabalho para pagar indenização à trabalhadora. Também será lavrado auto de infração pelo Ministério do Trabalho. Além disso, o relatório da força-tarefa será encaminhado à Polícia Federal para as providências cabíveis. A vice-coordenadora Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo, Tatiana Simonetti, destacou que é obrigação do MPT garantir que a doméstica receba pelo tempo de serviço trabalhado, além de uma reparação individual. “O papel do Ministério Público do Trabalho nessa situação é exigir o pagamento de todos os direitos que foram sonegados ao longo desse período contratual e também pedir uma reparação individual por toda a lesão que essa trabalhadora sofreu por conta dessa exploração", destacou. “É de extrema importância que situações como essas sejam denunciadas para que as autoridades possam adotar as medidas cabíveis e a gente possa, de fato, garantir proteção e direito a todos os trabalhadores que estão na situação de exploração”, concluiu. Após o resgate, a vítima recebeu atendimento psicossocial da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc) e foi reintegrada à sua família biológica. Vítima de trabalho escravo doméstico resgatada em Manaus Divulgação O caso Segundo as autoridades, a mulher foi levada ainda criança para a casa da família com a promessa de que teria oportunidades de estudo e uma vida digna. No entanto, a realidade foi diferente: ela passou mais de duas décadas trabalhando sem salário fixo e em condições degradantes. “Essa trabalhadora foi aliciada aos 12 anos de idade sobre a falsa promessa de ser bem tratada e frequentar a escola. Ela foi, na verdade, posta a trabalhar cuidando de uma idosa, além de inúmeras outras atividades ao longo de 22 anos de exploração", afirmou o procurador Luciano Aragão, coordenador Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo. Durante todo esse tempo, a mulher prestou serviços a diversos membros da família em troca de comida, moradia e pagamentos esporádicos com valores considerados irrisórios. “Trabalhava em troca de alimentação e moradia. Quando recebia, eram valores irrisórios. Não tinha uma remuneração pelo trabalho que prestava”, completou Aragão. Mesmo após a morte da idosa que seria inicialmente cuidada, ela permaneceu sob exploração. A equipe de fiscalização confirmou os relatos em depoimentos. A vítima vivia sob as seguintes condições: Quarto sem guarda-roupas, ar-condicionado ou higiene mínima Trabalhos exaustivos e sem qualquer remuneração fixa Sem carteira assinada nem acesso à escola Andava descalça e, em certo período, não tinha nem shampoo Fazia serviços domésticos e também atuava na produção de doces vendidos pelo empregador Como denunciar trabalho escravo? Desde 1995, quando foi criado o sistema de combate à escravidão no Brasil, mais de 65 mil trabalhadores foram resgatados. Os dados estão disponíveis no Radar do Trabalho Escravo. Denúncias de trabalho escravo podem ser feitas, de forma anônima e sigilosa, pelo: Sistema Ipê (https://ipe.sit.trabalho.gov.br) Disque-denúncia 127 Ouvidoria do Ministério Público do Trabalho no Amazonas e Roraima (MPT AM/RR) (https://www.prt11.mpt.mp.br/servicos/ouvidoria)

FONTE: https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2025/06/09/patroes-de-domestica-resgatada-em-situacao-analoga-a-escravidao-terao-que-pagar-indenizacao-a-vitima.ghtml


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