'Gostava de ouvir música com o avô', diz mãe de bebê que morreu em cirurgia em maternidade do AM
05/12/2025
(Foto: Reprodução) 'Gostava de ouvir música com o avô' diz mãe de bebê que morreu em cirurgia em maternidade
O bebê Pedro Henrique Falcão, de 1 ano e 7 meses, morto no dia 11 de novembro durante uma cirurgia em uma maternidade de Presidente Figueiredo, no interior do Amazonas, era descrito pela família como uma criança alegre e que tinha como atividade preferida ouvir as músicas favoritas do avô. (Veja o vídeo acima).
A mãe da criança, Stefany Falcão Lima, afirma que a morte foi causada por um erro na dose de anestesia aplicada pelo médico Orlando Calendo Ignacio Astampo. A Polícia Civil abriu um inquérito para investigar o caso. O g1 tenta contato com a defesa de Orlando.
Ao g1, a mãe relatou que Pedro Henrique era conhecido pela alegria contagiante e "pelo sorriso que iluminava qualquer ambiente". Carinhosamente chamado de Pedrinho, o menino tinha uma rotina cheia de momentos especiais ao lado da família.
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"Logo cedo, ele acordava para o banho e tomava o leitinho, que chamava de 'dadau'. Depois, pedia a caixa de som do avô para ouvir seu cantor favorito, Pablo. A música 'Quem ama não machuca' era a preferida: Pedrinho cantava e dançava sem parar, arrancando risadas e registrando memórias inesquecíveis", contou Stefany.
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Stefanny também destaca que todas as tardes, Pedro acompanhava os avós até o sítio. Lá, corria atrás das galinhas. Quando não podia ir, fazia questão de dar uma voltinha de carro pela cidade com o avô antes de dormir.
"Pedrinho também era presença constante na padaria do bairro. Todos os dias, cedo, acompanhava o avô para comprar o pãozinho. O pão de queijo era seu favorito, saboreado com entusiasmo. Mesmo tão pequeno, conquistava amizades por onde passava", explicou
O caso
A mãe relatou que a criança foi levada inicialmente à Unidade Básica de Saúde (UBS) com dores no ouvido. Durante os exames, o pediatra identificou que o bebê tinha fimose e iniciou tratamento. Dias depois, a criança retornou à UBS e foi encaminhada ao hospital, onde passou por avaliação e seguiu para cirurgia.
Stefany também afirma que o anestesiologista iniciou a intubação sem ventilação adequada e não pediu ajuda imediatamente.
"Ao notar que a saturação e os sinais vitais de meu filho estavam caindo progressivamente, e percebendo a inércia do anestesiologista em buscar ajuda adequada, eu mesma pedi para a enfermeira do centro cirúrgico chamar o pediatra da unidade. O anestesiologista não pediu ajuda de forma proativa", disse.
Documentos obtidos com exclusividade pelo g1 apontam que o pediatra chegou à sala e iniciou manobras de reanimação. Durante o atendimento, questionou o anestesiologista sobre as medicações utilizadas, mas não obteve resposta imediata. O profissional também registrou que a sala não estava preparada para atender pacientes pediátricos.
O diretor clínico da unidade, Daniel Mota, confirmou que o anestesiologista começou a atuar no hospital entre 2020 e 2021, após processo seletivo. Segundo ele, o médico pediu exoneração depois do caso.
"A nossa função é dar todos os esclarecimentos possíveis. Inclusive a mãe já tem acesso a prontuários, à documentação, a relatórios da equipe que participou do procedimento do paciente. Foi uma decisão dele em pedir exoneração. A gente já tem outro anestesista na unidade. Segundo ele, não tinha mais condições, até mesmo psicológicas, de continuar na unidade e ele mesmo pediu a exoneração", explicou.
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Investigação
O caso foi registrado no 37º Distrito Integrado de Polícia (DIP) de Presidente Figueiredo no dia 20 de novembro, que abriu investigação para apurar as circunstâncias da morte. No entanto, segundo a advogada da família, Doracy Queiroz de Oliveira Neta, o inquérito ainda não avançou.
O delegado Valdinei Silva afirmou que o caso foi registrado como homicídio culposo, decorrente, a priori, de imperícia médica, e que os depoimentos já começaram.
"Vamos solicitar documentação do hospital, ouvir também toda a equipe que estava no momento do procedimento para a gente apurar a responsabilidade de fato que ocorreu. Já ouvimos a advogada que fez a representação e está marcado também para a gente ouvir a mãe da vítima. A gente ainda vai ouvir até segunda-feira, início da próxima semana", disse.
Ele acrescentou que, por enquanto, não há necessidade de prisão preventiva do médico.
"Não, à priori não existe necessidade de uma prisão preventiva. À priori não. Agora, se a gente ver que há dificuldade no decorrer das investigações ou algum embaraço a gente pode solicitar a prisão".
Bebê foi atendido por infecção urinária
Divulgação