Caso Benício: um mês após morte, médica e técnica seguem afastadas e inquérito avança sem prisões
23/12/2025
(Foto: Reprodução) Caso Benício: pedido de prisão de médica é negado pela Justiça do Amazonas
A morte de Benício Xavier, de 6 anos, após a aplicação incorreta de adrenalina no Hospital Santa Júlia, em Manaus, completa um mês nesta terça-feira (23).
Trinta dias depois, as principais investigadas seguem afastadas das funções, não há prisões decretadas e o inquérito da Polícia Civil continua em andamento.
O g1 reuniu as principais informações apuradas pela polícia e os avanços da investigação um mês após a morte da criança. Veja abaixo.
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O que aconteceu com Benício?
Qual é o principal erro apontado pela polícia?
Quem são as principais investigadas?
O que dizem os depoimentos das investigadas?
Quantas pessoas já foram ouvidas pela polícia?
Há outras linhas de investigação?
O hospital é investigado?
Há medidas judiciais em andamento?
O que pede a família de Benício?
1. O que aconteceu com Benício?
Benício morreu em 23 de novembro após receber adrenalina diretamente na veia durante atendimento hospitalar. Segundo a investigação, a via e a dosagem prescritas não eram indicadas para o quadro clínico da criança. Após a aplicação, o menino sofreu múltiplas paradas cardíacas e não resistiu.
2. Qual é o principal erro apontado pela polícia?
A polícia aponta erro na prescrição e na aplicação da adrenalina por via intravenosa. O protocolo médico indicaria outra via e dosagem. A aplicação inadequada está associada à rápida piora do quadro clínico da criança.
3. Quem são as principais investigadas?
A médica Juliana Brasil, responsável pela prescrição, e a técnica de enfermagem Raiza Bentes, que aplicou a medicação, são as principais investigadas. As duas foram afastadas das atividades profissionais por decisão judicial e estão proibidas de atuar por 12 meses. Não há prisões decretadas até o momento.
4. O que dizem os depoimentos das investigadas?
Médica Juliana Brasil Santos e a Técnica de enfermagem Raiza Bentes Paiva investigadas no Caso Benício
Rede Amazônica
Em depoimento, a médica reconheceu que errou ao prescrever adrenalina por via intravenosa e afirmou que a medicação deveria ter sido administrada por outra via. Ela disse ter se surpreendido por a equipe de enfermagem não questionar a prescrição.
A defesa da médica alega que o erro ocorreu por falha no sistema de prescrição do Hospital Santa Júlia, que teria alterado automaticamente a via do medicamento durante instabilidades no dia do atendimento.
A técnica de enfermagem afirmou que apenas seguiu a prescrição médica ao aplicar a adrenalina, sem diluição, e que informou a mãe da criança sobre o procedimento. Segundo ela, após a aplicação, Benício apresentou palidez, dor no peito e dificuldade para respirar.
5. Quantas pessoas já foram ouvidas pela polícia?
A Polícia Civil já ouviu mais de 20 pessoas, incluindo os pais de Benício, as investigadas, médicos, enfermeiros e representantes do hospital.
6. Há outras linhas de investigação?
Depoimentos revelam que Benício recebeu dose 15 vezes maior de adrenalina e expõem falhas na UTI.
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A polícia investiga possíveis falhas durante a intubação, além de suspeitas de adulteração do prontuário médico após a morte da criança. Testemunhas relataram possíveis alterações nos registros do atendimento.
7. O hospital é investigado?
O inquérito também apura a responsabilidade do Hospital Santa Júlia quanto à estrutura, aos protocolos de segurança e a eventuais falhas no sistema de prescrição.
O fundador da unidade, Édson Sarkis, prestou depoimento e afirmou que o hospital possui protocolos de segurança e dupla checagem. Segundo ele, havia enfermeira responsável pelo protocolo no plantão, mas ela não foi acionada durante o atendimento.
8. Há medidas judiciais em andamento?
Caso Benício: donos de hospital prestam depoimentos e sucessão de erros é investigada
Até o momento, a Justiça negou pedidos de prisão preventiva. As medidas adotadas incluem o afastamento das investigadas, restrições profissionais e o avanço das apurações policiais.
No dia 18 deste mês, a Polícia Civil cumpriu um mandado de busca e apreensão na residência da médica Juliana Brasil Santos. Durante a ação, foram apreendidos o celular da profissional, documentos e um carimbo que indicava especialidade em pediatria, embora ela não possua o título oficialmente reconhecido.
9. O que pede a família de Benício?
A família cobra justiça, responsabilização dos envolvidos e mudanças para evitar novas mortes por erro médico. Manifestações foram realizadas em Manaus desde a morte da criança.
Infográfico - Caso Benício
Arte g1