Caso Benício: defesa da médica questiona mudança no registro de óbito do menino de crise respiratória para intoxicação dois dias depois

  • 10/12/2025
(Foto: Reprodução)
Caso Benício: Revisão de certidão de óbito é questionada pela defesa da médica A defesa da médica Juliana Brasil afirmou que o Hospital Santa Júlia, em Manaus, alterou o registro de óbito de Benício Xavier, de 6 anos, dois dias após a morte, mudando a causa registrada de crise respiratória para intoxicação. O caso segue sob investigação da Polícia Civil. Benício morreu na madrugada de 23 de novembro. Segundo as investigações, a médica admitiu o erro em documento enviado à polícia e em mensagens ao médico Enryko Queiroz, mas a defesa afirma que a confissão ocorreu "no calor do momento". A técnica de enfermagem Raiza Bentes Praia, responsável pela aplicação do medicamento, também é investigada. Ambas respondem ao inquérito em liberdade. 📲 Participe do canal do g1 AM no WhatsApp Segundo a advogada de Juliana Brasil, Alessandra Vila, a certidão de óbito emitida no dia da morte, assinada pela médica pediatra Alexandra Procópio, apontava como causas: Síndrome respiratória aguda grave, Edema agudo de pulmão, Parada cardiorrespiratória, Laringite aguda. Dois dias depois, o hospital registrou uma Ficha de Revisão de Óbitos com versão diferente, segundo a defesa. O novo documento aponta como causas da morte: Intoxicação por drogas que afetam o sistema nervoso central (principal causa), Parada cardíaca, Edema pulmonar. Hospital Santa Júlia registrou mudança no óbito de Benício Xavier, diz defesa Rede Amazônica A ficha também afirma que o caso não era considerado terminal/irreversível e que a morte ocorreu por uso inadequado de medicação. No item 13 do relatório, o documento atribui responsabilidade à médica Juliana Brasil Santos, citando “conduta inadequada”. A advogada Alessandra Vila comentou a mudança feita pelo hospital, explicando que, segundo a documentação original enviada pelo Hospital Santa Júlia, não havia indicação de falecimento por intoxicação de adrenalina. Ela destacou que a revisão do óbito, feita posteriormente por médicos,— um deles não estava presente no dia — trouxe divergências que precisam ser apuradas. “Agora haverá investigação sobre essa discrepância, essa alteração do óbito original para a revisão posterior. É mais uma linha de investigação que o delegado vai seguir, porque precisamos entender o que aconteceu”, afirmou Alessandra em entrevista à Rede Amazônica. O g1 questionou a Polícia Civil se há investigação quanto a alteração no registro de óbito, mas não teve resposta até a última atualização desta reportagem. O Hospital Santa Júlia informou que não vai se manifestar sobre o caso. Novos depoimentos O delegado Marcelo Martins, responsável pelo inquérito, informou que novos depoimentos serão colhidos nos próximos dias. Ele adiantou à Rede Amazônica que a Polícia Civil deve marcar uma acareação entre a técnica de enfermagem Raiza Bentes Praia e a técnica Rocicleide Lopes de Oliveira. Rocicleide disse à polícia que orientou Raiza a não aplicar “3 ml de adrenalina pela veia, pois esse volume só é usado em casos de parada cardiorrespiratória”. A polícia ainda pediu à Justiça um mandado para acessar o sistema interno do hospital, no qual será feita uma perícia. A solicitação ocorre após a defesa da médica Juliana Brasil afirmar que a prescrição de adrenalina intravenosa registrada no prontuário teria sido causada por uma falha no sistema da unidade. A Polícia Civil tem ouvido nos últimos dias testemunhas como parte da investigação. Ao longo das oitivas, pelo menos três testemunhas disseram que a médica teria tentado adulterar o prontuário para omitir um possível erro na prescrição de adrenalina. Mesmo com os relatos, o delegado Marcelo Martins afirmou que não pode pedir a prisão da profissional porque ela está protegida por uma liminar concedida em um habeas corpus apresentado pela defesa e aceito pela Justiça. Durante as investigações, o delegado também realizou uma acareação entre a médica Juliana Brasil e a técnica de enfermagem Raiza Bentes, devido às divergências nos relatos sobre a prescrição e a aplicação da dose de adrenalina dada à criança. Médica Juliana Brasil Santos e a Técnica de enfermagem Raiza Bentes Praia investigadas no Caso Benício Rede Amazônica LEIA TAMBÉM: Cronologia do atendimento de Benício mostra sequência que levou à morte da criança Colega de trabalho diz em depoimento que alertou técnica para não aplicar adrenalina na veia Justiça nega habeas corpus preventivo para técnica de enfermagem que aplicou adrenalina Investigação No dia 26 de novembro, o Conselho Regional de Medicina do Amazonas (CREMAM) abriu processo ético sigiloso para apurar a conduta da médica. O Hospital Santa Júlia afastou tanto Juliana quanto a técnica de enfermagem Raiza Bentes. Em relatório enviado à Polícia Civil, ao qual a Rede Amazônica teve acesso, Juliana reconheceu que errou ao prescrever adrenalina na veia. Ela afirmou ter informado à mãe que a medicação deveria ser administrada por via oral e disse ter se surpreendido com o fato de a enfermagem não ter questionado. A técnica Raiza Bentes declarou que apenas seguiu o que estava registrado no sistema. Ela teve o exercício profissional suspenso pelo Conselho Regional de Enfermagem do Amazonas (Coren-AM), no dia 1º de dezembro. O delegado Marcelo Martins investiga o caso como homicídio doloso qualificado, considerando inclusive a possibilidade de crueldade. O caso Benício foi levado ao Hospital Santa Júlia no dia 22 de novembro com tosse seca e suspeita de laringite. Segundo a família, ele recebeu lavagem nasal, soro, xarope e três doses de adrenalina intravenosa de 3 ml a cada 30 minutos, aplicadas por uma técnica de enfermagem. "Meu filho nunca tinha tomado adrenalina pela veia, só por nebulização. Perguntamos, e a técnica disse que também nunca tinha aplicado desse jeito. Mas afirmou que estava na prescrição", relatou o pai. O menino piorou rapidamente: ficou pálido, com membros arroxeados, e disse que "o coração estava queimando". A saturação caiu para cerca de 75%. Ele foi levado à sala vermelha e depois para a UTI por volta das 23h. Durante a intubação, sofreu as primeiras paradas cardíacas. Foram seis no total. Ele morreu às 2h55 do dia 23 de novembro. Infográfico - Caso Benício Arte g1 Bruno Mello de Freitas e Joyce Xavier, pais do menino Benício. Patrick Marques/g1 AM

FONTE: https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2025/12/10/caso-benicio-defesa-da-medica-questiona-mudanca-no-registro-de-obito-do-menino-de-crise-respiratoria-para-intoxicacao-dois-dias-depois.ghtml


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