Agricultores participam de curso sobre cultivo de café em Presidente Figueiredo
20/04/2025
(Foto: Reprodução) Mais de 30 agricultores decidiram investir no cultivo de café no ramal da Micade e participaram de um curso sobre a cultura do grão, aprendendo sobre mudas e manejo para garantir uma boa colheita. Café robusta amazônico é aposta de agricultores em Presidente Figueiredo, no Amazonas.
Reprodução/Rede Amazônica
O Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo e a demanda pelo produto segue em alta, especialmente por variedades mais resistentes como o café robusta amazônico, que tem ganhado espaço no norte do país. No interior do Amazonas, o cultivo do grão avança nas lavouras e em Presidente Figueiredo, agricultores se preparam por meio de cursos.
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A iniciativa surge em meio a uma alta do preço do café no mercado brasileiro - o que tem explicação. A safra passada foi afetada por uma das piores secas já registradas no Brasil e os estoques estão baixíssimos, com mais de 90% do café de 2024 já comercializado. Isso tem impactado diretamente o mercado e o bolso do consumidor.
Mas se a crise preocupa quem consome, também gera oportunidade para quem produz. Luzilene é presidente da comunidade Micade, localizada no quilômetro 134 da BR-174, em Presidente Figueiredo. Ela e mais 34 agricultores decidiram investir no cultivo de café, mas antes de iniciar o plantio, participaram de um curso sobre a cultura do grão, aprendendo sobre mudas e manejo para garantir uma boa colheita.
"Eu tenho produtores que já plantaram o café e apartir do final do curso, a gente vai estar se unindo para os produtores comprarem mudas juntos e plantar. É algo que vai dar pra mudar a economia da Micade", disse.
Os agricultores destinaram uma área de um hectare para o novo investimento. As aulas práticas foram realizadas no cafezal do Felipe Lavareda, no quilômetro 36 da rodovia AM-240.
"A cultura do café a gente não pode ver outro produtor como concorrente e sim como parceiro, porque pra cultura do café, quanto mais gente produzindo, mais aquele polo, aquele município, tende a se desenvolver, porque o café é o ouro negro", afirmou.
Além do investimento, os produtores querem dominar o manejo do cultivo, o que levou moradores do ramal da Micade a participarem da segunda etapa do curso de manejo do café robusta amazônico.
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Produtores do ramal do Micade participaram de curso sobre plantio de café.
Reprodução/Rede Amazônica
A engenheira agrônoma do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Amazonas (Idam), Ana Cecília, explicou que apesar dos custos iniciais, o retorno da cultura é rápido e promissor.
"O café tem algumas particularidades de manejo que se não forem adotadas a gente pode ter perdas na produção. Conseguimos mostrar que é possível plantar café nas condições que eles tem e que é possível sim ter um retorno econômico com essa cultura".
O ramal da Micade é referência no cultivo de hortaliças, mas os produtores veem no café uma boa oportunidade de renda. É o caso da agricultora Maria Vilanir, que trabalha com pimentão e busca aprimorar seus conhecimentos para cultivar café, uma prática que aprendeu ainda jovem no Pará.
"Adolescente eu já trabalhei com café junto com meu pai e era só pro nosso custo, mas foi muito vantajoso. Eu me criei sem comprar café, me ajudou muito, e hoje pra ajudar nosso sustento vai ser maravilhoso", disse.
Durante a aula prática, os agricultores aprenderam sobre o processo de secagem dos grãos e o plantio das mudas, uma etapa fundamental para garantir a qualidade do café produzido na região.
O Amazonas ainda tem uma produção pequena de café em relação a outros estados, mas a aposta no robusta amazônico pode mudar esse cenário, com mais produtores investindo e acreditando no potencial da cultura 100% amazonense.
Amazônia Agro deste domingo, 20 de abril de 2025